BADS_lab
(Black Arts & Decolonial Sciences)
Durante Black: Cite; Sight–Site na Galeria do Reggae, a galeria se transforma em um organismo vivo de pesquisa — um ponto de convergência para investigações ético-estéticas nas Artes Negras e na Ciência Descolonizadas.
Sete residentes do BADS_lab serão convidados a iniciar novos processos de pesquisa — não como obras acabadas, mas como esboços, tentativas e experimentações especulativas, improvisando em direção a formas ainda por vir.
Ao longo de seis dias de troca e convivência:
Os residentes vão desenvolver trabalhos em processo — de forma individual ou colaborativa — em um ambiente híbrido entre estúdio e laboratório.
Momentos de “estúdio fechado” serão dedicados ao foco, à presença compartilhada e a uma troca mais silenciosa e orgânica entre práticas.
Durante as horas de estúdio aberto, o público será convidado a acompanhar, provocar e dialogar com o processo em curso.
Conversas mediadas com críticas de profissionais artísticas vão entrelaçar os residentes com interlocutores externos, ampliando os campos de escuta e reflexão.
Uma apresentação final vai reunir fragmentos, reflexões e achados — não como encerramento, mas como oferendas para um estudo que continua.
Nascido e criado na Zona Sul de São Paulo, Aquiles Coelho Silva é pesquisador escritor e artista em formação. Autor do livro Vila Missionária: constituição e desenvolvimento da periferia em São Paulo (2019) premiado pelo Arquivo Histórico Municipal de São Paulo, e do livro de poesia Notas sobre o cultivo (2023); atualmente sua prática tem explorado temas como poesia, memória, música e a relação entre terra, espaço e raça. Aquiles tem colaborado cominstituições de pesquisa e arte como 35ª Bienal de Arte de São Paulo, Instituto Pólis, SESC/SP, Centro Cultural São Paulo, ANPUR e Acessoria Técnica USINA, muitos dos quais como membro da Coletiva GIRA e do projeto História da Disputa. É graduado em Economia pela Unicamp (2017), mestre em Planejamento Urbano IPPUR/UFRJ (2024) e desde 2022 trabalha como assistente de pesquisa da Profa. Dra. Denise Ferreira da Silva.
O coletivo Cartografia Negra surge para pensar, revisitar, conhecer e ressignificar alguns territórios negros históricos em São Paulo. Lugares de resistência ou espaços que foram utilizados para venda, tortura ou execuções de pessoas escravizadas e que hoje têm nomes e significados que apagam essas histórias – muitas vezes inclusive as contradizem. Somos um coletivo de jovens pesquisadorxs que busca estimular a conscientização da população paulistana, em primeiro lugar, sobre a memória da cidade em que vivemos. Atualmente, 63 jovens negros são mortos por dia no Brasil, de acordo com dados da CPI do Senado sobre o Assassinato de Jovens, divulgado em junho de 2016. O genocídio da população negra acontece tanto fisicamente quanto pelo apagamento de sua história – é isso também que queremos evidenciar, como importantes referências já fizeram, entre eles Casé Angatu e Abdias Nascimento.
Cecílio Henrique Costa e Tiago Almeida, ambos nascidos em Salvador, desenvolvem trajetórias complementares que se encontram na valorização da ancestralidade e da cultura afro-brasileira. Cecílio mudou-se ainda jovem para São Paulo, onde hoje é produtor e curador do Programa Humanidades, Direitos e Diversidades no IEA-USP/Quilombo Inteligente, em parceria com o Prof. Dr. Gilson Schwartz; atua também como produtor local do Coletivo Amazonizando-SP e do Mestre Ivamar dos Santos, além de ter roteirizado o filme Dia de Iemanjá. Sua pesquisa artística e acadêmica se volta aos quilombos de Jongo de Pinheiral e do Vale do Café, registrando tradições orais e visualidades jongueiras no Vale do Paraíba Fluminense. Tiago, por sua vez, construiu sua trajetória entre Rio de Janeiro e São Paulo e atua como artista visual, tendo uma sólida experiência em pós-produção de filmes, séries e programas de TV que hoje alimenta sua criação autoral. Em seus documentários e trabalhos audiovisuais, ele celebra a cultura e a ancestralidade brasileira, explorando pautas sociais, ambientais e espirituais, com especial atenção às religiões de matriz africana e à tradição do Jongo, produzindo um audiovisual que conecta pessoas, territórios e memórias.
História da Disputa: Disputa da História é um projeto de historiadoras dedicado à pesquisa, produção e difusão de conteúdo historiográfico orientado a partir da História dos vencidos, ou seja, a partir de documentos, testemunhos, memórias e dinâmicas produzidas por atores sociais geralmente ignorados pela História tradicional. Para isso, a metodologia inclui a ocupação dos espaços públicos para propor um debate com as pessoas que abarque seus conhecimentos e experiências afetivas, buscando, através dessa partilha, interferir ativamente nos usos e construções desses espaços e disputar a narrativa hegemônica que os define.
Natasha Felix é poeta, performer, nascida em Santos (São Paulo/Brasil). Joss Dee é dj e produtor musical de Luanda (Angola). Juntos, fazem a performance APUPÚ - onde os corpos vibram, pesquisa sonora e literária que propõe conversas entre Brasil e Angola.
Mônica Garabito é pesquisadora e artista radicada em São Paulo, Brasil. Nascida em Cuba e criada na Alemanha, formou-se em Antropologia e Cinema Documental em instituições de Cuba, México e Alemanha. Seu trabalho propõe novas formas de escuta e presença, em diálogo com comunidades afrodiaspóricas, memórias coletivas e epistemologias não hegemônicas, questionando as formas coloniais de ver, ouvir e narrar o mundo.
Sou Nduduzo Siba, uma artista multifacetada, nascida em KwaZulu-Natal, África do Sul, e atualmente radicada no Brasil há 12 anos. Minha trajetória une fotografia, cinema documental, teatro, dança, música, moda e atuação, sempre guiada por uma visão que conecta arte e transformação social. Como fotógrafa e cineasta, busco narrar histórias que revelam identidades, memórias e lutas coletivas, valorizando a potência cultural de diferentes comunidades. No teatro e na dança, encontro formas de expressar o corpo como território de resistência e poesia. Na música e na performance, alimento minha voz como instrumento de conexão e cura. Minha obra é atravessada pelo ativismo, pelo desejo de dar visibilidade a experiências silenciadas e pela busca de criar diálogos entre a minha origem africana e a vivência latino-americana. Entre fronteiras, transito com liberdade, transformando minha trajetória em uma colagem de imagens, sons e gestos que celebram diversidade, ancestralidade e futuro.
Allen Kwabena Frimpong é um artista conceitual e urbanista engajado no design cultural para a construção de riqueza comunitária em escala global. Ele é o fundador da ZEAL, uma aliança cooperativa de estúdios criativos formada por artistas da diáspora negra, que já foi destaque no New York Times, ABC Nightline e Hyperallergic. Como artista conceitual, ele cria e produz antologias multimídia por meio de instalações sonoras e exposições de arte pública. Como bolsista da Open Society Foundations Equality em 2024, ele está atualmente produzindo The Remedy is Solidarity, uma antologia multimídia global sobre reparações. Anteriormente, liderou o trabalho da comunidade de prática Old Money, New System, financiada pelo Andrus Family Fund, que apoia iniciativas de mobilização de recursos para movimentos sociais com foco na redistribuição de riqueza pela economia solidária em nível nacional. Além disso, atuou como pesquisador sênior no PolicyLink e cofundou a Liberation Ventures, uma organização voltada à criação de redes e práticas que promovem uma cultura de reparação para avançar com as reparações nos Estados Unidos. Seu trabalho também já foi destaque em livros como Decolonizing Wealth. Atualmente, ele é presidente do conselho da Resist, uma das mais antigas fundações públicas ligadas a movimentos sociais nos EUA.
Sarah Brito é artista de vocação e pesquisadora de formação. Dedica-se desde 2010 à pesquisa de patrimônios imateriais, com foco em práticas, ritos e expressões territoriais. Integrou e cofundou coletivos de arte e cultura, fez parte do Conselho Nacional dos Pontos de Memória e é fundadora do Observatório Brasil Profundo, iniciativa dedicada aos fazeres ancestrais brasileiros. Amazônida de Belém, é bolsista do CNPq no Museu Paraense Emílio Goeldi, articulando o projeto Museu Terra Indígena. Sua produção atravessa fotoperformance, colagem, audiovisual e intervenção, explorando corpo, território e tempo. Assina seu fazer artístico como Sarah Maria, em homenagem à falecida mãe, também Maria e artista, de quem aprendeu que a experiência humana é marcada pela memória e ressignificação em diásporas.
Shambuyi Wetu é artista plástico, muralista, arte-educador, ator, escultor e performer. Congolês, formado em Artes Plásticas pela Academia de Belas Artes de Kinshasa, vive no Brasil desde 2014, atuando intensamente na cena artística de São Paulo e do Rio de Janeiro. Sua produção transita entre pintura, escultura e performance, explorando temas urgentes da contemporaneidade africana e afro-brasileira. Por meio das artes visuais e da performance, investiga a experiência da diáspora africana, o corpo negro, a ancestralidade e as resistências culturais. Desde os primeiros anos na República Democrática do Congo, com exposições em museus e centros culturais de Kinshasa, até sua inserção no Brasil, constrói uma trajetória marcada por deslocamento, memória e intercâmbio cultural. Sua obra, diversa e pulsante, conecta territórios e linguagens, convidando o público a refletir sobre identidade, migração e pertencimento.