Chamada Aberta para Artistas Creativas
Galeria Presidente, Rua 24 de Maio, 116, São Paulo — 2 a 9 de setembro de 2025
Convocamos artistas visuais, designers, performers e trabalhadores culturais a realizar de uma exposição site-specific que reativa a Galeria Presidente — carinhosamente conhecida como Galeria do Reggae e Galeria Black — um nódulo histórico do comércio, de afinidade e de infraestrutura cultural afro-diaspórica no centro de São Paulo.
Essa ativação faz parte do Black: Cite; Sight– Site, um projeto transnacional afro-diaspórico que coincide com a 36ª Bienal de São Paulo. Este projeto inclui uma exposição pública de uma semana com estúdios abertos na galeria (2 a 9 de setembro).
Foto acompanhante de Sanlé Sory, Mali djeli, 1984, impressa em 2017, gelatina de prata, 19 7/8 x 16 pol., coleção Tang Teaching Museum, The Jack Shear Collection of Photography no Tang Teaching Museum, 2018.13.5
Como participar
Expositoras Artísticas
(O meio artístico pode incluir: pintura, escultura, instalação, performance, som, vídeo, ritual, obras participativas)
Aceitamos intervenções — duradouras ou efêmeras, independentes do meio artistico— que expoem com as histórias complexas- materiais e imateriais da Galeria do Reggae.
Não estamos procurando para representações diásporicas ou de Africa literamente, melhor desejemos ações que a renovem — obras que perturbem, remixem e recomponham os circuitos da vida diaspórica.
Convidamos você a participar:
O cabelo como interface comunicativa — fio, antena, arquivo
A música diaspórica como infraestrutura — máquina de memória, sinal sonoro
Culinária e comida como prática relacional — cheiro, sabor, textura, tempo
Objetos espirituais como tecnologia ancestral — vasos, limiares, dispositivos
Movimento como coreografia relacional — combate, comunhão, código
Comércio e exibição como estratégia epistêmica — troca como conhecimento, encenação como método
Alfaiataria e têxteis como testemunho — sigilos costurados na memória
Graffiti e arte urbana como inscrição — marcando o shopping como um local de autoria compartilhada
Fotografia e pintura como arquivos visuais da presença e do Ubuntu
Todas as propostas escolhidas vão receber uma ajuda financeira pra finalizar e instalar o trabalho num espaço que ainda vamos definir, lá na Galeria do Reggae.
BADS_lab Fellows
(Residentes de Artes Negras e Ciências Descolonizadas)
Durante Black: Cite; Sight–Site na Galeria do Reggae, a galeria se transforma em um organismo vivo de pesquisa — um ponto de convergência para investigações ético-estéticas nas Artes Negras e na Ciência Descolonizadas.
Sete residentes do BADS_lab serão convidados a iniciar novos processos de pesquisa — não como obras acabadas, mas como esboços, tentativas e experimentações especulativas, improvisando em direção a formas ainda por vir.
Ao longo de seis dias de troca e convivência:
Os residentes vão desenvolver trabalhos em processo — de forma individual ou colaborativa — em um ambiente híbrido entre estúdio e laboratório.
Momentos de “estúdio fechado” serão dedicados ao foco, à presença compartilhada e a uma troca mais silenciosa e orgânica entre práticas.
Durante as horas de estúdio aberto, o público será convidado a acompanhar, provocar e dialogar com o processo em curso.
Conversas mediadas com críticas de profissionais artísticas vão entrelaçar os residentes com interlocutores externos, ampliando os campos de escuta e reflexão.
Uma apresentação final vai reunir fragmentos, reflexões e achados — não como encerramento, mas como oferendas para um estudo que continua.
Inscrições abertas
Para ser considerado para participar do Black: Cite; Sight – Ativação do site na Galeria do Reggae (São Paulo, 2 a 9 de setembro de 2025), envie um e-mail com as seguintes informações para:
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Título
Um nome para o seu trabalho ou proposta (pode ser um título provisório).
Formato
Qual será a forma do seu trabalho? (por exemplo, instalação, performance, vídeo, têxtil, som, ritual, participativo, etc.)
Palavras-chave/Temas
Compartilhe de 3 a 5 palavras-chave ou frases que descrevam sua prática e/ou projeto.
Resumo/Descrição do projeto
200–500 palavras sobre sua contribuição proposta. O que você está ativando neste espaço? Como seu trabalho envolve, perturba, remixa ou recompone a vida diaspórica?
Biografia
Uma breve biografia do artista/pesquisador (máximo de 150 palavras).
Site/portfólio
Link para seu site, portfólio online ou mídia social — qualquer coisa que nos dê uma ideia do seu trabalho.
Amostras de trabalho
Até 5 imagens, arquivos de áudio/vídeo ou documentação de projetos anteriores ou atuais. Podem ser trabalhos concluídos ou fragmentos/esboços.
Bolsa BADS_lab
Gostaria de ser considerado para uma bolsa BADS_lab e participar do espaço compartilhado do estúdio-laboratório como residente de pesquisa durante a semana da exposição?
👉 Sim / Não
Se sim, compartilhe uma ou duas frases sobre o que você gostaria de explorar no estúdio.
Presença no estúdio
Você está disponível para estar presente no espaço do estúdio da Galeria Presidente de 2 a 9 de setembro de 2025 para horários abertos/fechados do estúdio, envolvimento com a comunidade e tempo compartilhado?
👉 Sim / Não / Vamos conversar
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Aceitamos inscrições em inglês, português ou francês.
Colaborações, coletivos, trabalhos em andamento e propostas especulativas são incentivados.
Isso não é uma porta. É um portal.
Se você tiver dúvidas, incertezas ou necessidades de acesso, entre em contato conosco.
contexto geral da exposição:
Galeria do Reggae
A Galeria Presidente, fundada em 1963, tem funcionado como um espaço crucial de construção de mundos afro-diaspóricos. Inicialmente um ponto de encontro para que brasileiros negros se conectassem com a diáspora negra global através da cultura, da música e da moda, nas últimas três décadas imigrantes africanos também têm contribuído para esse espírito de orgulho negro — com invenção, força e práticas relacionais de criação.
Juntos, afro-brasileiros e africanos vêm construindo infraestruturas vivas de sobrevivência, conexão e improviso no coração da maior cidade das Américas. E, ainda assim, ao contrário da Galeria do Rock, a Galeria Presidente segue sem reconhecimento oficial como espaço cultural pela cidade de São Paulo.
Aqui, as práticas culturais negras nunca foram decorativas. Sempre foram operacionais — sustentando comércio, relação e comunidade sob condições de restrição.
A Galeria criou conexões entre o Brasil, o continente africano e a diáspora mais ampla por meio de:
Cabelo e Estética: tranças, dreadlocks, penteados afro — como topologias em movimento e memória tátil
Moda: streetwear, alfaiataria diaspórica, cultura dos tênis, marcas da diáspora
Comida: refeições caseiras, cozinhas pop-up, trocas informais e hospitalidade
Som: reggae, dancehall, highlife, hip-hop — performados, gravados, vendidos, ecoados
Espiritualidade: artigos religiosos, ensinamentos e rituais do Atlântico Negro
Movimento: uma loja de capoeira que ancorou práticas relacionais no comércio do dia a dia
Esta exposição retorna ao espaço não como nostalgia, mas como reentrada. Convidamos artistas a participar do trabalho de reativação — desenhando, performando e recompondo a partir do espaço, de dentro para fora.
Fotos acompanhantes por Sergio Briosa e Marcos Muniz da Silva, via Flickr.